Bahia

Paulo Atto lança livro sobre sua trajetória no teatro baiano nos anos 80!

“Atto em 3 Atos & Memórias da Censura” teve lançamento virtual nesta quarta (14) e debate com o diretor teatral Luiz Marfuz acontecerá dia 21
Paulo Atto lança livro sobre sua trajetória no teatro baiano nos anos 80!
Foto: Reprodução/Youtube

O dramaturgo Paulo Atto lançou neste dia 14 de julho (quarta-feira), seu livro “Atto em 3 Atos & Memórias da Censura” (298 páginas, Editora do Teatro Popular de Ilhéus). O lançamento aconteceu de forma virtual, através do Youtube do Festival de Teatro da Caatinga (Link: https:// www.youtube.com/channel/UCDhrtISr1eeN9IIXto4QgNw). Em um vídeo especialmente criado para o momento, o autor falou sobre sua obra, formada pela trilogia de textos teatrais de Paulo Atto nos anos 1980 : “A Confissão”, “As Máquinas ou A Tragédia em Desenvolvimento” e “Até Delirar / O Banquete”.

Para o lançamento foram gravados em vídeo depoimentos e interpretação de trechos do livro atores e  atrizes consagrados que participaram das montagens como Hebe Alves, Frank Menezes, Andrea Elia, Selma Santos, Hamilton Lima e Rafael Magalhães. Foram também especialmente convidados a atriz Claudia di Moura e o ator Ricardo Castro, que não atuaram nas montagens, mas que eram profissionais que Paulo Atto  desejava ver interpretando seus textos. Os jovens atores de Irecê, Marcos de Assis e Mozar Nunes, do Núcleo Caatinga da Cia Avatar também interpretarão textos do livro.

 

DEBATE SOBRE TEATRO E CENSURA

Já no dia 21 de julho, às 19h, será transmitido um debate, também através do Youtube do Festival de Teatro da Caatinga, sobre teatro e censura, tendo como eixo o contexto do livro “Atto em 3 Atos & Memórias da Censura”. Debatem o  diretor, professor e dramaturgo Luiz Marfuz e o próprio autor do livro, Paulo Atto. A obra, que tem prefácio de Luiz Marfuz, além dos textos de dramaturgia, possui um inventário das montagens – com o registro das encenações pela imprensa, memória fotográfica e outros documentos que buscam aproximar o público de hoje do que as montagens representaram para o autor e para os envolvidos. Há também depoimentos e narrativas sobre a censura ainda vigente na época.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Concepção - Paulo Atto optou pela construção do livro como uma espécie de inventário emotivo, histórico, dramatúrgico e artístico do período em que um grupo de atores e artistas vivenciaram a sua produção. Esta estratégia reforça a ideia de ultrapassar a fugacidade e o efêmero das obras teatrais recuperando-as no aqui e agora com o referido contexto em que ocorreram há tempos atrás.

A obra recorre à trilogia inicial do autor - que completa em 2021 exatos 38 anos de carreira - para recuperar e contribuir com a história do teatro de grupo na Bahia, num período que, embora em processo lento e gradual de abertura, o teatro enfrentava a censura, que em alguns momentos chegou a ser branda, mas que criava um permanente conflito dos criadores e grupos com os censores. Assim, acompanham os textos, as matérias mais importantes publicadas na imprensa relativas às montagens, fotos dos espetáculos, texto/depoimento do próprio autor sobre as condições de produção, processos criativos e contexto da época. Fazem parte ainda do volume uma apresentação sobre cada montagem e uma espécie de “memorial afetivo” - como o próprio dramaturgo define, composto de bilhetes deixados pelos autores, histórias de bastidores, anotações de cena, fac-símiles dos programas, cartazes, convites, folhetos e panfletos; anotações da direção, pequenas histórias, cartas, observações sobre ensaios.

No prefácio afirma Luiz Marfuz: “Da década de 80 para cá, a obra artística de Paulo Atto vem se desenvolvendo numa escala ascendente, crescendo em complexidade estrutural e temática, ele sempre inventando voos. Na fornada da última década, vale destacar “A Conferência” (2013), escrita a partir do livro “As Cidades Invisíveis”, de Ítalo Calvino, e “Teatro La independência” (2018), ambas reconhecidas e indicadas ao Prêmio Braskem de Teatro de Melhor Texto. Justos reconhecimentos a quem vem na contracorrente da massificação, em busca de um teatro pleno de inquietações, que recusa o apelo fácil, e se impõe como marca de atitude e presença no mundo. “

 

AUTOR INICIOU A CARREIRA COM PEQUENOS ESQUETES E TEXTOS

A carreira do diretor Paulo Atto como escritor e dramaturgo começa com pequenos esquetes e textos feitos sob encomenda por atores para atuações e pequenas intervenções em espaços não convencionais de teatro, como bares, empresas e museus, entre 1982 e 1983. Já em 1984, o autor publica o livro de poemas “Até Delirar”, obra poética que foi transformada em texto teatral pelo próprio autor, sob a supervisão do diretor teatral Luiz Marfuz. O roteiro cênico com poemas e cenas dramáticas foi levado aos palcos com direção de Paulo Cunha e o então Grupo Artes & Manhas, entre 1984 e 1985. A peça ganhou vida própria e foi novamente encenada por Hebe Alves, atriz, diretora e professora, com alunos da Escola de Teatro da UFBA como conclusão do Curso de Interpretação em 1996. Na montagem estavam as atrizes Cristiane Pinho, Rose Anias, Nájla Andrade, Débora Landim, os atores Rogério Moura e Paolo Ferreira e ainda o músico Juvino Alves.

O dramaturgo em seguida escreveu “O Banquete” a partir do roteiro cênico original da primeira peça com novas cenas. Novamente Paulo Cunha e o Grupo Artes & Manhas empreenderam a nova montagem em 1986, no espaço do Museu de Arte da Bahia. Na montagem estavam Hebe Alves, Selma santos, Frank Menezes, Lucio Tranchesi, Rafael Magalhães, Luiz Pitta, Maria Marise, além do próprio Paulo Cunha.  Depois dessa montagem, Atto escreveu “A Confissão”, que ganhou o edital de ocupação da Sala do Coro do Teatro Castro Alves e estreou em 1987. Na montagem o dramaturgo assume a direção e funda, com um grupo de atores, a Cia de Teatro Avatar, da qual fizeram parte Hamilton Lima, Lucio Tranchesi, Rafael Magalhães, Paulo Pereira e Andreia Elia. Também no mesmo ano o dramaturgo escreve “As Máquinas ou A Tragédia em Movimento”, que abre o Projeto Contexto Cênico da Escola de Teatro da UFBA ,no Teatro Santo Antônio, atual Martim Gonçalves.

Na obra estão descritas as relações do dramaturgo com o grupo Artes & Manhas do diretor Paulo Cunha, em seus processos criativos de escrita e montagem e por outro lado, o autor apresenta uma série de fatos decorrentes da conturbada relação que vivenciou com os censores e o aparato da censura no período. Fazem parte do volume fac-símiles dos certificados que eram expedidos sem os quais os espetáculos não poderiam estar em cartaz, onde registravam-se as condições da classificação etária (com as razões alegadas pela DCDP – Divisão de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal ligada ao Ministério da Justiça) e as indicação de cortes de textos e cenas quando os censores consideravam necessário.

 

Assessoria de imprensa – Doris Pinheiro

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